18/03/2019 11h36

“Mulheres em situação de rua e políticas públicas” é tema de roda de conversa

Com o objetivo de levar informação e debater o machismo, o empoderamento feminino e o enfrentamento à violência contra a mulher, a Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH) promoveu, na manhã desse domingo (17), uma roda de conversa voltada para pessoas em situação de rua. O evento aconteceu na Paróquia Santa Teresa de Calcutá, de Itararé, em Vitória, e foi realizado por meio da Gerência de Politicas de Promoção de Igualdade Racial e da Subsecretaria de Políticas para Mulheres da SEDH, com apoio da Pastoral do Povo de Rua.

 

A ação, que leva o nome “Mulheres em situação de rua e políticas públicas” levou às mulheres e homens presentes informações sobre os serviços de proteção que são disponibilizados pelo Estado, como o Cras, Creas, CADúnico, Centro de Referência de Direitos Humanos, dentre outros. A Pastoral recepcionou os participantes com café da manhã, na abertura, e almoço, ao final do evento, além de abrir as portas da paróquia para quem quisesse tomar banho e trocar de roupas.

 

A secretária da SEDH, Nara Borgo, agradeceu a todos os envolvidos para que o evento fosse realizado, ao Padre Kélder, a toda equipe da Pastoral e às servidoras da Secretaria, e aproveitou para anunciar a criação da coordenação com foco em pessoas em situação de rua.

 

“Essa coordenação é um atendimento a uma demanda de vocês. A ideia é desenvolver o máximo de politicas públicas, ouvindo vocês, com um diálogo aberto. Esperamos que ações como essa sejam levadas a outros municípios e, claro, esperamos ver essas políticas efetivadas. Essa é a nossa luta, começando de forma emblemática no mês da mulher”, afirmou a secretária.

 

Para a coordenadora do Movimento Pop Rua, Rosângela Cândido, mais do que ações pontuais, o que a população que vive nas ruas precisa é de políticas públicas efetivas e duradouras: “Nós precisamos de organização e de debate. Nós queremos garantia de direitos. Enquanto pessoas em situação de rua, nós somos inviabilizados, e ter este encontro num domingo, com uma secretária de Estado nos ouvindo é muito importante para nós”, disse a coordenadora.

 

Rosangela Cândido falou ainda, sobre o machismo e a vulnerabilidade das mulheres que vivem nas ruas: “Queria que tivessem mais mulheres aqui, pois nós sofremos mais a violência nas ruas, porém, é importante ter esses homens aqui hoje, pois eles também precisam ouvir o que nós temos para falar, saber quais são os nossos desejos, as nossas ansiedades. Nós não somos posse de ninguém. Nossos corpos e pensamentos são livres”, enfatizou.

 

Alamo Tel, 41 anos, que também está em situação de rua, deu o seu relato: “Eu já fui um agressor, já usei de violência contra a minha esposa que está aqui do meu lado. Fui preso e na cadeia aprendi que não devia fazer isso, aprendi que ela é minha companheira e que merece meu respeito e cuidado. Na época em que fiz a besteira estava drogado, bêbado, não tinha consciência, mas eu apendi a trabalhar a mente e hoje não faço mais isso. Isso que a Rosângela falou, sobre ficar regulando a roupa da mulher e que isso é machismo, isso me quebrou. Porque eu nem sabia que era machismo. Às vezes eu fico com ciúmes da roupa dela, mas isso quem decide é ela. Cada dia eu aprendo, finalizou, disse.

Miriã Amaro da Silva, 31 anos, a esposa de Alamo, confirmou que essa agressão aconteceu há 8 anos e que nunca mais ele repetiu o ato. Ela acredita que os homens precisam ser educados a trabalharem a sua mente e a respeitarem as mulheres. “Hoje ele me ajuda, lava minhas roupas, enquanto eu estudo. Eu tenho muita coisa pra fazer e estou buscando uma vida melhor. Eu quero sair das ruas, hoje eu faço o curso de técnico em segurança do trabalho no Ifes, com muito sacrifício, e ele me apoia! Eu confio nele, pois ele errou, se arrependeu e aprendeu. Ele quis e mudou!

 

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