Painel virtual dos 16 Dias de Ativismo aborda desigualdade de gênero e disseminação do HIV
Encerrando a programação dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), por meio da Subsecretaria de Políticas para as Mulheres (SubPM), promoveu, nessa terça-feira (08), o Painel Virtual A desigualdade de gênero e a disseminação do HIV.
Para falar sobre o tema, a live contou com a participação da suplente da Rede Nacional de Pessoas Soropositivas (RPN+ES) e representante municipal da RPN+ES em Anchieta, Fabhyanne de Carvalho, e do gerente do Centro de Testagem e Aconselhamento em IST/HIV e Hepatites Virais e do Serviço Atendimento Especializado em IST/HIV E Hepatites Viras (CTA/SAE) da Serra, o psicólogo Angelo Eduardo C. Dias.
Além dos palestrantes, o painel virtual contou com a participação da subsecretária de Estado de Políticas para as Mulheres, Juliane Barroso, que fez a abertura; e da gerente de Políticas para as Mulheres, Bernadete Baltazar, que foi a mediadora.
"Fica claro o quanto ainda precisamos ampliar a nossa compreensão das mais diferentes formas de violência a que nós, mulheres, em nossa diversidade, somos submetidas, e do quanto ainda somos invisibilizadas. Com isso, fortalecemos a proposição de políticas públicas para o enfrentamento à violência contra as mulheres, para que sejam efetivas e transformadoras de uma cultura machista e violenta", destacou a gerente Bernadete Baltazar.
Durante o painel virtual, a representante da RPN+ES, Fabhyanna de Carvalho, falou um pouco da sua vivência enquanto mulher com o HIV.
“Eu sou uma mulher vivendo com HIV há 20 anos. Me infectei pelo HIV por meio de uma relação com um parceiro fixo, na qual tínhamos um relacionamento de dois anos. Só descobri o vírus depois que nos separamos, devido a não ter muita educação sexual. Falar de HIV, na época, era um pavor, porque a AIDS era sentença de morte. Fiquei sabendo da minha infecção por meio uma doação de sangue. Recém-formada em técnica de enfermagem, foi difícil de lidar com tudo isso, e não tínhamos o avanço da medicina como tem hoje”, disse.
E continuou: “o processo foi muito difícil porque eu não consegui nem trabalhar e achei que iria morrer. Foi difícil falar com a família. Na época, informei familiares e meus pais. Eu só tinha um filho e gostaria de ser mãe novamente. Começou o processo de estigma e preconceito em relação aos profissionais de saúde, que me atenderam nessa época. Foi um processo de que a gente sabe, que 90% de nós mulheres já têm essa violência de direito sexual reprodutivo por ser HIV. Acho que essa foi a primeira violência que sofri”, lembrou Fabhyanna de Carvalho.
O psicólogo Angelo Eduardo Dias, em sua fala, destacou que quando se aborda o tema HIV é preciso falar de vulnerabilidades.
“As vulnerabilidades são classificadas em três tipos: a institucional, a individual e a social. Quando a gente fala de violência contra a mulher e também da questão do HIV, temos que pontuar em cada tipo de vulnerabilidade essa relação do masculino e do feminino nessa sociedade patriarcal que nós vivenciamos. Creio que as instituições ainda fazem pouco para diminuir essa desigualdade”, afirmou.
Dias destacou a dificuldade no diálogo com as mulheres sobre o assunto. “No campo individual, quando você fala e percebe, ao conversar com as mulheres dentro do serviço especializado, sobre o diagnóstico e o acompanhamento de HIV, você vê o quanto elas se assustam, e o quanto foi negado a elas o conhecimento a respeito disso. No campo social, a gente vê ainda nessa sociedade a dificuldade de reconhecer mulheres como sujeitos de direitos, sujeitos do seu corpo”, destacou Angelo Eduardo Dias.
A programação dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres foi encerrada nessa terça-feira (08).
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