07/12/2020 17h48

Painel virtual dos 16 Dias de Ativismo aborda patriarcado, racismo e saúde mental das mulheres

Como parte da programação dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), por meio da Subsecretaria de Políticas para as Mulheres (SubPM), promoveu o Painel Virtual Os reflexos do patriarcado e racismo na saúde mental das mulheres, na última quarta-feira (02). A convidada para falar sobre o tema foi a doutora e pós-doutoranda Luziane Guedes.

Em sua fala, Luziane Guedes, que é psicóloga e militante do Movimento Negro Unificado e do Núcleo Estadual de Mulheres Negras do Espírito Santo, abordou desde o conceito de patriarcado até a forma como ele ainda rege a sociedade atual, e como está ligado ao racismo e à violência contra a mulher.

“Os três temas vão se atravessar o tempo todo e mais corpos serão afetados que outros. A sociedade patriarcal tem gênero, raça e orientação sexual: homens heterossexuais e brancos. O homem negro exerce um patriarcado diferente do homem branco, será menos efetivo, pois existe o racismo. É importante a gente dizer que o patriarcado é a base da sociedade contemporânea, que os homens sempre são colocados acima das mulheres e não somente no âmbito familiar. Tudo é uma construção histórica, sendo, assim, se o patriarcado tem uma base construída historicamente, também pode ser destruído historicamente para uma sociedade mais igualitária”, destacou a psicóloga Luziane Guedes.

Ela também abordou a exclusão da mulher dentro da lógica social e econômica, e a violência que não é apenas física, mas que envolve principalmente a saúde mental.

“As mulheres sofrem opressão de gênero, enfrentam todas as violências que envolvem o corpo feminino nos âmbitos político, social e familiar, muitas vezes sendo mortas por homens que se entendem por seus donos. Os dados de feminicídio estão aí, com números alarmantes, e a maioria das mortes ainda está ligada a esse local de poder que o homem acredita ter sobre o corpo feminino. A mulher negra, além de sofrer tudo isso, tem ainda uma maior vulnerabilidade socioeconômica, aparece menos no mercado de trabalho, tem menos acesso à saúde, à assistência social”, disse Luziane Guedes.

A subsecretária de Políticas para as Mulheres, Juliane Barroso, explicou a importância de trazer o tema para debate público, como foi no caso do painel virtual.

“Compreender o sistema estruturante de desigualdades de nosso País é determinante para a promoção de respostas que tragam impacto na vida das mulheres. O patriarcado e racismo atravessam as relações mais cotidianas e trazem consequências muito duras, uma delas é o sofrimento mental. Nesse sentido, visibilizar essas questões dentro de uma perspectiva histórica e de possibilidade de reversão política é necessário para a construção de novas formas de ser e estar nesta realidade, enquanto mulheres, bem como o desenvolvimento de estratégias de fortalecimento”, enfatizou Juliane Barroso.

A programação dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres prossegue até esta terça-feira (08). Confira todas as atividades AQUI.

 

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